domingo, 22 de setembro de 2013

Velhice saudável

Sabe quando cada situação te faz pensar no quanto ficamos velhos? É a roupa que não te serve, os lanches fora de hora que não fazem mais sentido, a paciência em verificar que se está errado. Ultimamente, percebo sintomas da velhice. Mas, o mais legal de tudo, é que isso não me deixa triste. Afinal, o que são alguns anos a mais, quando tu te tornas uma pessoa melhor?

Lágrimas secas, sorrisos sábios

Engraçado pensar que, independente da circunstância, o tempo resolve tudo. Não, nem sempre. Às vezes é preciso ligar uma parte importante, chamada cérebro. Uma parte que, em mim, serve para fazer o meu Jornalismo amado e estudar. Sempre uso o coração, a emoção. Inclusive no Jornalismo também, que aproveita esses dois lados tão distintos. Porém, pensar e mover-se com raciocínio pode ser uma ótima solução. Com a idade, aprendi que minhas lágrimas nem sempre podem resolver os problemas de uma vida, tantas vezes, tão seca. Talvez, a solução de tudo, seja sorrir como quem muito sente, mas sabe muito mais.

sábado, 18 de maio de 2013

Ironia

Irônico é sorrir com coração doendo. Irônico é dançar com pés machucados. Irônico é criticar e fazer igual. Irônico é dormir sem estar com sono. Irônico é deixar mas vigiar. Irônico é ter como se esquentar e preferir cobertas geladas. Irônico é sonhar e não acreditar.  Irônico é dizer e não fazer. Mas, acima de tudo, irônico é amar e não querer.

Medo do escuro

Gosto do colorido das coisas, do sol, da luz. A noite me encanta, desde que iluminada pela lua. Não gosto de não enxergar nada, nem sequer um ponto, um brilho, uma pequena luz. A escuridão total só é legal para dormir ou quando se tem quem segure sua mão. Sempre que puder, vou procurar o brilho das coisas. E para não sofrer com o escuro ao fechar os olhos, peço uma ajuda à minha imaginação.

Toda forma de amor

A gente vai a luta
E conhece a dor
Consideramos justa
Toda forma de amor 




Cachorro, mãe, irmã, vizinho, pai, irmão, tio, avô, avó, colega, amigo, ídolo, fã, namorado, namorada, objetos, sol, céu, lua... Não importa qual seja ou por quem seja sua forma de amor. Todas são justas, todas são lindas, todas são de verdade. Porque se não for de verdade, não é amor. 

domingo, 28 de abril de 2013

Deixar o tempo passar

Andar de pés descalços na grama, beber água direto da jarra, dormir atravessada na cama, correr com cachorro, experimentar comidas diferentes, rir no chão da cozinha até a barriga doer. Assistir três filmes atrás do outro, retirar o pendrive sem segurança, deixar o trabalho para o último dia. Morrer de medo do escuro, perder cabelo entre as cobertas, derrubar o celular de cima da cama. Chorar com um bom livro, sorrir com uma cena de carinho, vibrar com a conquista das pessoas, gritar de medo de um animal qualquer. Fechar o livro sem marcar a página, caminhar rápido porque o sol está queimando. Caminhar devagar para aproveitar a chuva. Arregalar os olhos de surpresa, fugir para fazer o que o coração deseja, enfrentar o frio das manhãs de estudo, chegar atrasada na aula. Ter medo de dar o retorno na esquina, afugentar o medo do futuro em um abraço forte, digitar palavras nas notas do celular. Contar dias, contar estrelas, contar segredos, contar histórias. Forjar situações, dormir tarde, acordar cedo, esperar a noite chegar. Escrever um livro, adiantar trabalhos, atualizar o blog. Organizar um congresso, sorrir com um elogio, saber que leiam o que se escreve. Gargalhar com as amigas, dar cafuné no cachorro, receber cafuné da mãe. Pintar as unhas, cortar o cabelo, mudar a rotina. Ler jornais, ler revistas, ler embalagem de detergente. Cantar no banho, dançar no meio da sala e sonhar enquanto cozinha. Desenhar no papel, aprender novas coisas e rascunhar sobre a vida. Admirar a lua, lembrar de coisas boas e mergulhar. Varrer a cozinha mil vezes durante o dia e não se importar. Guardar o chocolate da páscoa para achar que o tempo parou. Conferir se fechou a porta a quantidade de vezes que quiser. Desligar você mesmo a luz do quarto. Organizar o roupeiro. Ter coragem de andar de bicicleta na cidade. Sentir cócegas, bater de mentirinha. Assumir riscos. Viver. A vida é repleta de situações. E quando a gente vê, o tempo passou.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Liberdade é sentir-se amado


Essa manhã foi difícil acordar. Dormi vinte minutos a mais do que o  normal. Não que isso seja uma atraso para a aula, afinal, costumo acordar cedo para fazer tudo com calma. Cheguei na aula que, a propósito, seria sem professora. E como qualquer motivo nos leva a Agência, foi lá que resolvemos nos acomodar. Quando percebi que havia deixado minha pasta com um papel importante dentro dela, tive que me obrigar a enfrentar a preguiça e ir buscar na pensão. Aproveitei a companhia de uma amiga querida. Caminhar conversando sempre é bom. Ao me despedir dela e atravessar a faixa de pedestre que reluzia uma luz forte em cada tira branca, avistei o amor. Na parada de ônibus observei um casal. Eles não estavam abraçados, mas eram um casal. Enquanto ela olhava para o chão, ele mexia no cabelo dela. Senti uma cumplicidade, um carinho, algo único. Ele era dela. E ela era dele. Naquele momento percebi: a liberdade de estar livre pode até ser legal, mas a sorte de viver um amor não tem "solteirice" que compense. 

domingo, 31 de março de 2013

Coisas que eu queria

Queria ser menos ansiosa, menos preocupada, menos respondona. Queria ser mais amiga, mais atenciosa, mais calma e espirituosa. Queria não chorar por tudo, nem ter medo do escuro e saber conversar. Queria ter menos resposta pra tudo, mais paciência e pensar antes de falar. Queria ser bem interpretada. Queria não decepcionar quem eu amo, ser motivo de orgulho e amar melhor.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Tudo muda - BBB13

Conceitos, jogo e pessoas. Bambam mudou em 13 anos e viu que faria besteira. O garoto que chorava por uma boneca de lata, voltou arrogante e percebeu que sua imagem de bom moço se transformaria em algo negativo. Fez certo, deixou a casa.
Hoje, assistindo o povo preparar o almoço, percebi que meus julgamentos precipitados foram mais do que contrários a realidade. Fernanda é sim uma pessoa legal, mas não merecedora do prêmio. Andressa que dizia ser sem graça, é uma menina de ouro. É um anjo por dentro e uma deusa por fora, assim como Dhomini a definiu. Por falar nele, é ainda o mesmo. Sincero, gentil, engraçado e gente boa. Quem dera se todas as pessoas, depois de 10 anos, continuassem com os mesmos princípios no coração. Natália é outra que voltou a mesma. Maroca nem se fala.
Aline e Ivan formam o primeiro paredão. Por mais que Aline com seu jeito Penha de ser seja irritante, acredito que o professor dance na terça-feira. O povo gosta de quem não tem papas na língua. E todos querem polêmica.
Eliéser é tão imbecil que ainda não entendo como a produção teve coragem de colocá-lo de volta. Talvez para gerar risos e piadas. Só para isso. Marien é menos chata do que eu pensava. Nasser é uma grande pessoa. Enxergo nele um futuro vencedor, que ganhará como prêmio um milhão e meio ou Andressa. E se for de sorte, os dois.

Impressionante como tudo muda em, apenas, alguns dias. É hora de prestar atenção. Afinal, é em um piscar de olhos que um jogo se transforma.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Casa de vidro - BBB 13

E hoje, no dia da estreia da 13º edição do Big Brother Brasil, foi a primeira vez que espiei os confinados na casa de vidro. E já sei o que pensar de cada um. Vamos aos trabalhos.

André: Um metido a malhado e playboy. Não quero que entre na casa, nem pensar.
Bernardo: Engraçado e brincalhão, se entrar na casa vai ir longe.
Kamilla: Patricinha e falante. Foi capaz de me irritar em apenas cinco minutos.
Kelly: Minha preferida. Bonita, simpática e trata bem o público.
Marcello: Alto astral, galã de novela. Me parece um amigão para quem está ao seu lado.

Observação: Eu, como boa observadora de futuros casais, faço minha aposta: Se Kelly e Marcello entrarem juntos na casa, farão um dos primeiros casais.

BBB começa hoje, vamos espiar!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Julgando sem conhecer - BBB 13


Big Brother Brasil. O reality show mais visto em todo país. Há quem diga que não serve pra nada, mas insisto em defender esse programa que, para mim, não tem nada de negativo a não ser as mentes pequenas de quem o julga. Avaliar o comportamento humano e tentar entendê-lo não tem nada de errado.
2013. O BBB 13 está aí já que o mundo não acabou. Como de costume, é a época de criar o post Julgando sem conhecer. Gosto de classificar os participantes apenas pela foto de apresentação para ver se, realmente, estava certa ou errada em meus conceitos. Então, vamos lá!

Aline: A carioca de 31 anos me parece alto astral. É recepcionista, sorridente e não tem pose de ser algo mais. Acredito que vá longe.
André: Com 24 anos, o empresário de Vitória, Espírito Santo, poderia ser o galã do jogo. É bonito, mas falta algo. Posso estar errada, é bem normal isso acontecer. Mas, minha intuição, não cansa de repetir que ele não será o bonzinho na disputa.
Andressa: Esteticista. Bonita. Sem graça. Acredito que ela tentará ser amiga de todos, isso a manterá salva durante um tempo. Mas, quem é amigo de todo mundo, não é de ninguém.
Aslan: Gostei do nome. Os 32 anos do artista plástico devem cumprir minhas expectativas ao olhar para ele. Parece maduro, companheiro, justo. Espero não me enganar, tem cara de quem vai firme e forte até a reta final.
Fernanda: Será que a história do BBB 10 se repetirá e me pegarei torcendo para mais uma Fernanda? E é loira, novamente, por sinal. A advogada de 24 anos mora em BH e parece ser sincera e uma forte concorrente no jogo.
Ivan: O professor de inglês me parece alguém normal, sem algum atrativo e que, se não for engraçado, não resistirá muito tempo. Julgamento precipitado, mas errar é humano.
Marien: 25 anos, bailarina de flamenco, sorriso estranho. Não sei o que dizer mas, não gostei dela.
Nasser: O morador de Porto Alegre é vendedor e me parece divertido. Parece também cantor de rock , só que isso não importa. Se for longe no jogo vou ficar feliz só porquê, também, é gaúcho.

Para completar o time, dois participantes da casa de vidro entrarão na casa. E, para surpresa de muitos, seis ex-bbb’s também. Será que teremos nossa Ana do BBB 9 de novo? Nossa Talula? Ou quem sabe outra pessoa pelo qual muito torci? Vamos esperar. Vamos torcer. Fiquem de olho.  

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Todos os dias são especiais


A virada de um ano. Fogos. Brindes. Comemorações. Desejos. Promessas. Agradecimento. Renascimento. Renascer. Nascer um novo ciclo. São muitas as palavras quando o final de dezembro chega. A diferença de um segundo se torna muito para quem ignora horas de um dia normal. O último dia do ano nunca é definido como normal. É diferente, é especial. Mas, o que me preocupa é a mania das pessoas de parecerem boas durante as festas de final de ano e durante o resto dos dias permanecerem sem esperanças. É claro que a virada é importante. Acreditar e desejar boas coisas sempre vai ser relevante. Mas, com toda energia dessa época, meu desejo é que as pessoas priorizem o que dão importância nessa data, nos outros 334 dias de oportunidades para realizar. Feliz ano novo, mas, principalmente, feliz cada dia da nossa vida.

 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O verde do interior


Hoje caminhei por uma estrada cheia de pedras. E isso não foi uma coisa ruim. Pelo contrário, cada vez que percorro esse caminho, me sinto eu. De verdade. Como criança, como alguém livre e acostumada. Esse lugar é onde cresci, onde vivi, onde ainda moro. Às vezes. E, por mais que não seja sempre, é aqui que me sinto em casa. Minha casa, meu interior. Nada de barulho, nem de confusão. Olhar para trás ao escutar um barulho de carro é apenas um gesto de curiosidade, não de cuidado. A tranquilidade de me sentir segura é uma das maiores riquezas que tenho aqui. Ouvir o canto dos pássaros. Sentir o sol por entre as árvores. Árvores, natureza. Nada de calçadas que puxam os raios solares que chegam rapidamente, ignorando a camada protetora que deixou de nos cobrir. Pedras, terra e grama. Odeio o cinza das cidades grandes. Mas, preciso suportar. Por mais que ame o rural, é no urbano que terei de viver. É lá que fica a maior parte das notícias. É lá que vou precisar estar. Morar. Viver. Mas, às vezes. Porque sempre vou querer fugir para esse meu cantinho, onde não se tem shoppings, mas, se tem ar puro. O ar que eu quero. O ar que preciso. Cinza é a cor da destruição, verde me lembra esperança. E é de esperança que o mundo sobrevive. 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Lágrimas saudosas


Escrito em maio de 2012. 


            Era um dia qualquer. Caminhava lentamente ao escutar barulhos intensos provocados pela brincadeira dos quero-queros. Enquanto avançava, percebi o rosto frágil de uma mulher de corpo estreito, de aparência quase quebrável. Ela se escondia, entre lágrimas, nos cabelos ruivos da amiga. Por algum motivo desconhecido, a moça tão pequena estava com expressão gigante de tristeza. Passei ao lado das duas e tentei entender a situação.
            Depois de sentar em um banco vermelho, peguei um livro de páginas amarelas devido aos anos de uso e continuei a observar, discretamente, o drama das amigas. Quando enxerguei os olhos tristes da que confortava, comecei a entender a intensidade das amizades. O sofrimento de alguém pode ser uma dor para si mesmo, desde que a pessoa se importe com a outra. E elas se importavam! Qualquer um seria capaz de enxergar preocupação naquele abraço.
            Seria um choro por uma morte de um amigo, parente ou conhecido? Uma briga de casal? Ou quem sabe uma despedida? Sei lá, quem entende lágrimas desconhecidas? Mas eu queria entender e mais: eu gostaria de poder ajudar.
            Foi então que enxerguei - como em uma imagem de cinema, quando o fundo desfocado, ganha vida - um casal aparentemente feliz, trocando beijos e carinhos. Era isso! O “cara” que ela amava, estava com outra. “Que idiota”, pensei. Mas tudo bem, mistério descoberto. Ponto para mim!
            Já concentrada nas páginas do meu livro, certa sobre o motivo do desespero da menina, levanto a cabeça e percebo alguém na minha frente, concentrado em observar a mesma cena que me prendeu atenção minutos atrás. Meu olhar volta para as garotas abraçadas. Elas continuavam do mesmo modo. Uma se derretia em lágrimas e a outra com olhar fixo e sem brilho. Quando uma voz surgiu: “Ela sente saudades da infância”. 
Depois de refletir por um segundo, continuei a escutar: “Existem pessoas que sentem saudades das estações, outras de algumas pessoas ou de um lugar, mas ela sonha em ser criança novamente”. O dono da voz terminou sua fala e foi até a frágil menina, lhe deu um beijo na boca e ajudou as duas a se levantarem antes de partirem juntos em direção ao carro preto, estacionado logo ali.
Fechei o livro e me dediquei a ouvir meu coração. Cada batida parecia um breve período para compreender a cena e as palavras que havia escutado. Aquela menina podia ter tido uma atitude estranha em relação ao comum, mas estava completamente certa. Meu Deus! O tempo voa. As coisas acontecem tão intensamente. Que saudade de tudo! As horas passam sem que a gente perceba que cada minuto é uma divisão entre o que somos agora e o que acabamos de deixar para trás. Nunca esqueça o que você foi um dia e nem se perca no caminho que te leva ao futuro. 

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Notas perdidas, rascunhos esquecidos


Quente, vazia e estranha ao quadrado. Já achava esta rodoviária diferente, e hoje ela estava para me surpreender. A quietude me agitava mais do que entediava e o riso da menina de vestido listrado era o único som humano no interior escuro onde ficava a bilheteria.
A mulher, responsável pela vendas, se dividia entre os poucos passageiros que a procuravam, a televisão que emitia, silenciosamente, um ruído que se identificava como a Rede Globo e um notebook na qual Adele era reproduzida. “Essa senhora tem bom gosto”, pensei.

E aí a crônica foi abandonada. Encontrei esse início de texto nas notas do meu celular. Fui escrever algo e não tinha espaço suficiente. Então fui passando, nota por nota, quando a li. Foi escrita em fevereiro desse ano, na rodoviária de Agudo, cidade onde fazia as aulas da auto-escola. Com certeza, tinha esquecido algum livro em casa. Quando isso acontece, meu celular sempre me salva. Não posso ler? Então, vou escrever. Já cansei de rascunhar ideias nas notas do aparelho. Ou nas últimas folhas do meu bloco de entrevistas rabiscadas e até mesmo no verso da lista do supermercado.
Não vou terminar essa crônica. Gosto de ter uma inspiração e terminar logo. Não sei onde ela iria parar. Que propósito tinha ou se ia abordar algum assunto polêmico. O ônibus deve ter chegado enquanto eu escrevia e as letras do meu texto foram abandonadas. Uma pena. Mas vou deixá-la assim. Que cada pessoa que ler esse texto, crie o próprio final para a crônica. Usem seus corações. Libertem a criatividade. Usem e abusem! Pensem, relatem, observem, sonhem, vivam! Eu tenho essa mania, não adianta! Quando estou sozinha, costumo conversar com a minha imaginação. 

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Porque todos moram no paraíso


Ser de uma cidade que tem o nome de Paraíso rende muitas piadinhas. E não digo isso pelo pequeno número de habitantes, mesmo que isso seja outro grande fator para gozações. Mas falo pelas inúmeras vezes que escutei: “então você mora no paraíso?”, “é o paraíso mesmo?”, “Eva e Adão moram lá?” e “paraíso realmente existe, como é lá?”. Não falo sobre isso por não gostar. Na verdade, não me importo. Mas semana passada, algo diferente aconteceu.
            Fui comprar minha passagem. Já sei o jeito que cada “moça dos bilhetes” atende. Escolhi a mais simpática. A loira dos cabelos esvoaçante. 30 e poucos anos. Olhos claros. “Pra onde moça?” Respondi: Paraíso! Foi então que ela entrou pra lista das pessoas brincalhonas em relação a isso. “Então você mora no paraíso?”.
            Observei seu jeito entusiasmado. Acredito que ela tenha se sentido esperta por falar sobre isso.  Sorri e confirmei. Fui sentar em um dos bancos da rodoviária. Estava ainda a guardar a passagem na carteira quando comecei a pensar: “O que as pessoas entendem sobre a palavra Paraíso?”
            Céu, jardim do Édem, lugar utópico. Há diversas definições. Até mesmo cidade, olha que ironia! Eu, como alguém que acredita muito em Deus, e prefere ter fé nas histórias que sempre me falaram a ter que buscar razão nessas questões, creio que exista sim o lugar tranquilo e bonito para nos receber depois da morte.
            Mas, por que falarem tanto disso? A vida já é curta para se preocupar com depois dela. Será que vale a pena achar definições? Não é mais simples se despreocupar? Pois é, eu penso assim. As pessoas se preocupam muito em tentar adivinhar e prever as coisas e se esquecem que estão vivas. Talvez, o verdadeiro paraíso, seja apenas viver plenamente. 

quinta-feira, 19 de julho de 2012

“Em cada esquina paro em cada olhar”


O senhor de boina preta caminhava lentamente pelo chão liso da rodoviária. Tão lento como passos de valsa. Enquanto dançava, olhava para os lados como se procurasse algo ou alguém. Sua expressão era séria até que a viu. Ela caminhava em sua direção, também dançando. Mas seus passos eram de discoteca, curtos e rápidos. Ela deveria ser uns dez anos mais nova que o senhor que a observava. De repente, quando seus olhos se cruzaram, um arrumar de casaco que combinava com os sapatos caramelos se deu e ele sorriu.
Eu poderia chutar, por alguns segundos, que aqueles dois eram casados. Quando, como em um piscar de olhos, ela passou reto pelo senhor e foi em direção ao embarque. Ele abaixou a cabeça como se falasse: “É claro que não era ela”. Gostaria de poder ter entendido realmente a situação. Ele parecia feliz em um momento e tão triste em outro.
Foi assim que parei pra pensar: quantas pessoas sofrem com a ausência de outras? Depois de ver seus olhos pelo vidro da lancheria na qual estava sentada a observar a cena, pude entender. Ele tinha olhos de saudade. Alguém muito especial, provavelmente o amor de sua vida, tinha o deixado. Por vontade própria ou pela natureza, não sei. A única certeza que tive, era que ele jamais desistiria de tentar enxergar nas outras pessoas, traços e jeitos de quem um dia amou.

Ando por aí querendo te encontrar 
Em cada esquina paro em cada olhar 
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar
Palavras ao vento - Marisa Monte

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Do que mais gosto nas férias


Gosto do cheirinho de tranquilidade. Sim, tranquilidade tem cheiro. Sabe aquele momento que você deita em uma rede, olha pro céu e ao observar uma nuvem pensa que não precisa se preocupar com nada? Férias são mágicas, como diria minha amiga Andressa, por isso. É bom levantar meio dia. Ler por prazer e não obrigação. Assistir três filmes por dia. Vegetar em cima da cama. Comer mil coisas sem pressa. Navegar na internet sem ter abas cotidianas abertas. Cochilar no meio da tarde. Todas essas coisas legais e não tão úteis. O incrível das férias é que podemos simplesmente respirar. Nada de aspirar preocupações e assoprar prazos. Férias é quando vamos dormir sem hora pra acordar e, principalmente, sem ter o que se estressar. Nas férias me sinto livre, mas no resto do ano me sinto útil. Querendo ou não, as duas coisas são importantes. Deve ser por isso minha paixão pela vida. Meu amor por cada hora das 24 que o dia possui.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Doce como o chocolate

Era pra ser uma segunda-feira normal. Daquelas irritantes costumeiras. Mas não, algo me deixava extremamente feliz. Nem mesmo os sintomas mensais que toda mulher tem, era capaz de me desanimar. Uma manhã gostosa onde quase chorei de rir na aula, com meus amados comunicadores. Uma tarde com uma das pessoas mais importantens pra mim, com direito a confissões, novidades e um morango com chocolate. Ai, chocolate... Já fazem dias que penso muito em chocolate. Talvez seja o clima, talvez a fase, mas talvez também seja, a doçura da minha situação atual, refletida em meu paladar. Me sinto doce, me sinto diferente, mas nunca estive tão feliz como agora.

sábado, 30 de junho de 2012

Quando um passado feliz é percebido


12h26min. Como em raras vezes, o ônibus chegava mais cedo. Quatro minutos antes do previsto e nove antes do normal. Peguei minha mala cor-de-rosa e entreguei pro cobrador que já nem me pergunta mais para onde vou. Afinal, já faz um ano e meio. Mala guardada, agora era só encarar uma pequena e lerda fila até a porta do ônibus. Desatenta em relação às coisas que me rodeavam, provavelmente pensando no final de semana, de repente minha atenção fixou-se na senhora de cabelo armado e sorriso largo que descia rápido demais do ônibus para ter a idade que eu acreditava que tinha. Os fios de seu cabelo loiro esbranquiçado contrastavam com sua roupa escura.
            Vi seus olhos brilharem ao encontrar algo na minha direção. Antes mesmo de eu conseguir virar para tentar descobrir mais um pouco a respeito daquela felicidade gostosa, uma pequena senhora de cabelos negros passou por mim. Seus passos curtos eram recompensados por uma rapidez tão adolescente que me confundia. Tenho certeza que se ela tivesse algo em mãos, teria atirado para qualquer lado ao encontrar a dona dos cabelos brancos e sorriso largo. As duas se abraçaram de um modo que eu, mesmo sem saber ao certo a ligação que possuem, sorrisse feito uma boba. Um abraço tão amigável, um sentimento de irmandade que poderia ser sentido até mesmo pelo coração mais frio e inconstante. 
            Enquanto a loira alta abraçava a morena baixa, fiquei as observando e quase como num filme, consegui imaginar as duas, cinquenta anos mais novas, se abraçando ao passarem no vestibular ou comemorando o aniversário de 15 anos. Sei lá, mesmo sem saber, eu sentia que aquelas duas idosas de almas tão jovens, viveram muito tempo juntas quando adolescentes. Podia perceber que aquele carinho perceptível era fruto de anos de convivência. As duas se conheciam de verdade. No sentido de saber tudo à respeito mesmo. Com certeza, cada uma delas sabe o primeiro amor que a outra teve. O primeiro beijo que levou e as lutas que passou naquela fase divertida e confusa que chamamos de adolescência.
            Aquela irmandade percebida, me fez pensar nas minhas amigas e no quanto as quero perto de mim no meu futuro. Quero ter ao meu lado, quando estiver judiada pelos anos, pessoas que saibam o que passei e me entendam como ninguém. É uma sensação rara perceber afetos que sobrevivem há uma vida toda.  E perceber isso, me dá ainda mais vontade de cuidar daqueles que tenho ao meu lado e guardo em meu coração.
            As duas ainda se abraçavam, balançando-se para os lados, quando escutei uma voz agradável pedir: “Sua passagem, moça”. Tirei os olhos da cena das amigas saudosas, e virei na direção de onde o som vinha. Enxerguei a pupila do senhor que me pedia o bilhete, segurado firmemente pelas minhas mãos. O entreguei, ele fez o que tinha que fazer, e disse: “Paraíso então... Vai com Deus, minha menina”. Eu agradeci e pedi em oração para que não apenas eu fosse com Deus, mas também ele, as senhoras que tiveram um passado feliz e todos aqueles que cuidam das relações do presente pensando nas mesmas no futuro.
            

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Voltarei


Uma disciplina chamada Jornalismo Impresso I. O motivo do meu desaparecimento daqui, meu amado blog. Uma agência experimental para futuros comunicadores: outro aspecto que me fez ignorar isso aqui. Mas hoje, quando percebo que estou em uma aula onde uma “festinha” irá ocorrer, percebo que as férias estão mais próximas do que eu imaginava.
            O vento norte bate nas folhas lá fora. Entre a voz grossa do professor concentrado nas fotos apresentadas e o discreto barulho dos alunos felizes ao perceber que sobreviveram há outro semestre, me percebo sorrindo – mesmo que a rinite provocada pelo clima esteja mais intensa do que o normal.
            Prometo me dedicar mais ao meu diário virtual. Assim como me sinto culpada por ter deixado livros “dormindo” enquanto lutava para viver em mais um semestre de Jornalismo, também me sinto mal quando percebo a escassez de postagens nesse blog.
            Férias, livros, textos, minha vida simples, quero vocês. E terei praticamente um mês para respirar meus gostos novamente.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Pelas lentes fotográficas de Kelly Schott

Tô aqui pra fazer algo que quase nunca faço: falar de algo que amei sem ser uma coisa da televisão, um livro ou um texto bacana. Venho comentar sobre as fotos que fiz. A responsável pelos cliques? Kelly Schott, 19 anos, minha amiga desde 2008 e acadêmica do 3º semestre de fotografia. Sim, isso mesmo! Ela está no 3º semestre e já fotografa e edita muito bem. Eu, pelo menos, adorei o resultado.





Para quem tiver interesse, falem com ela pelo face (https://www.facebook.com/Kelly.K.Schott) ou pelo twitter @Schott_Kelly.

O trabalho da loira pode ser conferido pela página no facebook: https://www.facebook.com/kellyschottphoto

sábado, 5 de maio de 2012

Sei lá, porque

Na verdade, não sei sobre o que vim escrever aqui. É, isso mesmo. Não tenho nada em mente, nada planejado, nem uma ideia, mas me tenho. Quando se tem um blog, não é obrigatório possuir criatividade e inovação, o mais importante, pelo menos para mim, é escrever com o coração.
E meu coração me trouxe até aqui, pelo mesmo motivo de sempre. "Não consegue explicar o que sente? Escreva!", ele sussurra. Escrever me liberta, me esclarece, me dá vida!
São 2:39 da madrugada e meu diário virtual suplica por uma postagem. Olho para meus olhos pelo reflexo do espelho, e eles não me dizem nada, apenas me olham cuidadosamente. Viro e pressiono minha cabeça contra o travesseiro. Nada. Meu cérebro não teve consequências, nem nada. Resolva colocar a mão no coração. Uma, duas, três batidas rápidas e constantes. Tiro a mão do peito e escuto de algum lugar: "É isso mesmo, estou orgulhosa".
A dona daquela voz apenas me confirmou o que todos já sabem. Para a pior das dores, a mais complicada confusão e/ou simplesmente para desabafar - mesmo que por linhas tortas - escrever é o ideal.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Palavras me viciam


E isso é ótimo, vai dizer que não? Não me interesso por drogas, jogos de azar ou bebidas extremamentes fortes. O meu negócio é com as palavras.
Sabe quando se ama escrever, mas não se têm mais tempo para isso? Ou, na verdade, é uma fase em que prefiro ler a passar para uma folha em branco, uma infinidade de pensamentos soltos.
Fico, por horas, a ler Tati Bernardi, Caio Fernando de Abreu e derivados. Será que ando tão confusa que tentar me explicar seria complicado demais? Ler e se encontrar naqueles textos, é realmente mais fácil.
Sempre gostei de me justificar. Dizer “gosto de marshmallows com sorvete”, não é suficiente. Preciso gritar aos quatro ventos que gosto por “me sentir saboreando pedaços de nuvens com recheio da melhor sobremesa do Universo”. Não basta dizer que gosto, preciso contar o porquê. É por esses, e outros motivos que possuo um blog.
“Palavras, palavras, apenas palavras, pequenas palavras”. Preciso discordar da Cássia Eller. As palavras têm um poder enorme, por menores que sejam. Ou você se esqueceu que existe a palavra “fé”?
Quando se está triste, alegre, confuso, doente, hiperativo, dramático, sem noção. Não importa! Escrever, ler e se apaixonar por cada letra, por cada linha, é uma forma incrível de se auto-remediar.  

terça-feira, 3 de abril de 2012

Era uma vez uma culpa boa

Eu me sentia culpada. Como não se sentir? Há um mês e dois dias não entrava em contato com meu mundo online. Logo eu. Apaixonada por escrever, sempre deixei claro o quanto meu blog é especial. Em 2009 me apaixonei por meu diário virtual, pois é lá, ou melhor, aqui, o lugar onde posso ser apenas coração.

A vida é complicada e muitas vezes é preciso usar a razão. Mas como quem me conhece sabe, gosto de verdade, gosto de emoção, gosto de viver e seguir minha intuição. Porém penso: tenho um grande motivo por ter me afastado. E esse motivo é uma paixão ainda maior. Um amor chamado Jornalismo.

Entre disciplinas da Universidade, trabalhos na Agência, livros e claro, matérias, me divido em cinco. Multiplico-me. Não estou nesse sonho apenas por estar. Se Deus me deu a chance de cursar uma paixão cuidada por mim desde a infância, não sou doida de deixar tudo isso rolar sem ter vivido. E vivo. Seria sem nexo tentar explicar o inexplicável. Não sei dizer o quanto amo, só sei dizer eu te amo jornalismo.

Ter me afastado daqui me traz culpa, mas sei, de verdade: é uma culpa boa e sem fim.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Eu gosto de gente de verdade

A verdade sobre Renata! 
Faço dessas palavras, as minhas.

"E ela quis viver o que tinha vontade a ficar fazendo ceninha pra ficar bem pro público. Deixou claro que sabia das consequências, mas preferiu ser ela mesma, fazer o que faria aqui fora. E isso é o oposto de ser falsa.

Falso é quem não põe pra fora, Renata pode ser tudo, mas com certeza é a mais honesta consigo mesma, faz o que bem entende sem medo dos julgamentos.
Sabe que será julgada e mostra-se pouco preocupada....

Acontece que muitas vezes não há como olhar para trás sem questionamentos, ou você irá se arrepender de algo que fez, ou de algo que deixou de fazer, ela escolheu fazer e acontecer sem deixar espaço para arrependimentos.

Dizer que concordamos com todas as suas atitudes? Não, mas os erros humanizam, não lhe tiram o título de princesa, pelo contrário, apenas acentuam, é chato o previsível, bacana é ser uma caixinha de surpresas ambulante. Você sabe o que esperar dela?

"Amar, mas amar mesmo de paixão, eu amo Renatcheeenha. Esse mundo pode ser mesmo como dizia a canção do James Brown, a Man's World: O mundo dos Homens... Mas são mulheeeres... Que movem o mundo! Mulheres que são assim como você, Renata Dávila!" (Pedro Bial)


Aos Falsos Moralistas, aquele abraço..."



Eu prefiro torcer pra quem é cheio de defeitos, do que para falsos que tentam agradar.
Desculpa sociedade, mas para mim.. é Renatcheeenha e Fael na final!


Fonte: embaixodoedredom.com

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Nada de magia

 Sou uma pessoa bastante confusa. Mas qual é a novidade nessa frase? O fato de ser tão previsível me faz alguém fácil de compreender, de ler, de identificar e até mesmo de enganar. Ok, enganar nem tanto mais, pois sofrer me ajudou a criar uma rede de proteção que detecta mentiras, falsidades e príncipes desencantados.
E por falar neles, qual o sentido da gente acreditar desde sempre na existência de caras que vão te fazer a pessoa mais feliz? De verdade, não espero mais nada. Já tenho pessoas que me fazem a garota mais contente da face da terra. E essas pessoas são minha família e meus amigos, aos quais também chamo de família.
Garota, ele te abandonou? Azar! Sim, azar! Se ele teve coragem de perder uma garota incrível como você, não merece tuas lágrimas.
Ele te traiu? Levante a cabeça, pois o melhor é não vê-lo e com a cabeça para o alto você nunca mais o verá, pois pessoas como ele estão abaixo dos teus pés.
E aí? Ele está inseguro e pediu um tempo? Dê um tempo, o tempo do infinito. Se ele tem dúvidas é porque é idiota demais para aguentar um relacionamento sério.
Vai chorar? Chore! Mas depois disso vá para frente do espelho, te valorize, coloque seu perfume favorito, passe um rímel, um batom e se ame. Não há amor mais fiel do que o amor próprio.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

BBB Doideira

Enfim, Big Brother Brasil 12 nem começou, e já teve duas desistências. E como sou muito “sortuda”, o primeiro a abandonar o barco foi o que menos tinha gostado e a segunda, a que mais me parecia legal.
Netinho e Fernanda, alegria ou pena?

Ronaldo entrou no lugar de Netinho, e com certeza, foi uma ótima troca. Netinho não parecia que iria acrescentar algo bacana ao programa. Já Ronaldo parece ser divertido, engraçado e que vai agitar nas festas. A figura que faltava.

Agora a troca de Fernanda por Fabiana, não sei não. É uma pena Fernanda ter desistido. Sei que ela não seria a mocinha que gosto de torcer, afinal, fiz a primeira impressão sem ter visto a chamada dela. Depois disso percebi que ela não era como eu pensava, mas que era essencial ao jogo. Sobre Fabiana não sei o que dizer, parece querer chamar a atenção demais, e eu não gosto disso.

Mas é isso aí, BBB começa hoje e torcemos para que Tio Bones coloque mais alguns participantes para dentro do jogo.

PS: Preciso perceber que BBB12 tenha mais pessoas do que essas 12, vou enlouquecer.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Lendo sobre si mesma, sem ter escrito

Sabe quando lemos uma coisa e parece que foi feita, especialmente, para si? Pois é, foi isso que senti. Bom, mas o que esperar de Caio Fernando de Abreu? Ele entende a alma feminina de maneira extraordinária.


“Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo. Se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa.
Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera.
Estranho e que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é?
A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas?
A moça…ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar.
Às vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera?
E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará.
A moça – que não era Capitu, mas também têm olhos de ressaca – levanta e segue em frente. 
Não por ser forte, e sim pelo contrário… Por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.”

Caio Fernando de Abreu

domingo, 8 de janeiro de 2012

Querido destino

Antes eu me culpava, ficava pensando no que poderia ter sido, culpando o destino e tentando encontrar uma resposta que me fizesse compreender todos os porquês da minha vida. Mas então, me pego pensando “o que eu seria se tivesse dado certo”. Não, isso não é uma forma de aliviar minha dor, até porque ela está quase curada. Falo isso porque sei que se as coisas tivessem tomado o rumo esperado, hoje não seria quem sou. Pois esse ano foi fundamental para mim. Aprendi a me virar sozinha, abri meus olhos quanto a pessoas não confiáveis, cai, aprendi, sai muito, conheci novas pessoas, deixei de ter melhores amigos pra passar a ter irmãos, dancei, ri, extrapolei, fui a Luiza que eu gosto de ser. Com certeza não seria divertida e hiperativa se tivesse dado certo. E eu gosto das coisas como elas estão. Por isso que me dei conta: a questão não é o que seria, e sim o que evitei de perder!
Agora te entendo, querido destino!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Julgando sem conhecer (BBB12)

Como os leitores de mais anos sabem, faço a cada edição uma avaliação prévia dos participantes do Big Brother Brasil. A partir do momento que suas fotos são jogadas na internet, avalio-as e escrevo sobre o que achei de cada um, assim, de primeira impressão.
Então, como de costume...


Fernanda: Sabe que toda vez, passo o olho nas fotos de todos e pluft!, encontro alguém que pareça ser uma das melhores pessoas entre todos. Foi isso com Talula, Fernanda Cardoso, Ana Madeira... E isso aconteceu novamente com a empresária carioca Fernanda de 29 anos que me pareceu ser uma pessoa tranquila, amiga e de bem com a vida. E olha o nome! Será que minha preferida vai ser, mais uma vez, uma Fernanda como aconteceu no BBB 10?

Jakeline: Essa estudante de zootecnia me arrancou risos só de olhar pro rosto dela. Será que estou certa? Talvez não, mas que aparenta ser muito engraçada, ah, isso parece. Bom, mas olha de onde essa moça de 22 anos é, Bahia! Tem tudo para essa previsão dar certo.

João Carvalho: Se ele tivesse sorrindo na foto, ia jurar que ele é uma pessoa super engraçada, pra não dizer substituto de Dicésar (risos). Não sei porque mas olho pra ele e vejo um cabeleireiro. Brincadeiras a parte, afinal ele não está sorrindo na foto.. Estando assim, me parece bravo, um homem de 48 anos, muito bravo..

João Mauricio: Não gostei. Sei lá, tem cara de metido e meio sem noção. Lembra do Eliéser? Pois é, me lembra ele, e isso não é legal. O pecuarista, 24, não tem nada que desperte minha torcida, mas quando vê ele cale minha opinião ao se mostrar diferente.

Jonas: Ah, Jonas... Lindo, charmoso e o melhor, gaúcho! Até que enfim, meu Deus. Minha torcida antecipada e de primeira impressão vai pra ele, junto com a Fernanda.

Kelly: A Assistente comercial de 28 anos, não me chamou atenção. Não parece ser alguém animada, me parece reservada, na dela. Não sei nem o que falar, não consegui a identificar antecipadamente.

Laisa: Estudante de Medicina, 23, gaúcha. Por mais que seja do Sul, também parece sem graça, mas acredito que seja uma boa pessoa. Talvez se torne amiga da Kelly, não sei por que acredito nisso, sei lá, a estranha aqui, na verdade, sou eu.

Mayara: Personalidade! Assim posso descrever a Arte Educadora paulistana de 23 anos. Vai falar o que vier na cabeça, não se deixará manipular e irá longe nessa edição.

Netinho: Advogado, 28 anos e com uma cara de intelectual! Vai conversar bonito com o Bial nas noites de terça-feira, mas não muitas vezes, acho que ele não vai longe!

Rafa: Sei lá, tem um jeito de olhar... estranho. Me lembra psicopatas, assassinos e aqueles caras dos filmes de suspense que matam garotinhas. Calma aí, sei que ele não entraria no programa se fosse assim (risos). Mas que eu não gostei dele, é verdade.

Renata: Gostei de você menina! Estuda psicologia, deve ser calma, sensata, inteligente. Por mim vai longe.. Boa Sorte!

Yuri: Professor Muay Thai, ual! Parece ser uma pessoa legal, conselheiro, que vai se juntar com o Jonas, se tornarem amigos e irem juntos para a reta final. Olha eu aqui de novo, imaginando demais!

Bom, era isso galerinha! Vamos esperar dia 10 e começar a observar para depois ver se eu acertei alguma coisa.

sábado, 31 de dezembro de 2011

tempo, tempo, tempo, tempo ♫

''O amor calcula as horas por meses e os dias por anos, por isso que a cada pequena ausência é uma eternidade.'' Essa frase de John Dryden já significou muito para mim. Há um ano atrás eu estava contando os dias, as horas, não apenas para uma virada de ano e sim para uma transformação na minha vida. E minha vida mudou mesmo, mas não totalmente como eu pensava. A única coisa que tenho certeza é que tudo que aconteceu me modificou de uma maneira, me fez mais forte, mais segura e mais independente.  É impressionante, até mesmo as coisas que não dão certo, contribuem para alguma coisa!

Seja muito bem vindo 2012

Mais um ano termina. Um ano que, com certeza, marcou cada um de determinada maneira. Independente de que formas as coisas aconteceram, quais emoções viveram e por quais caminhos percorreram, todo ano quando chega ao final é motivo para comemorarmos. Afinal, estamos vivos e é isso que importa. Somos capazes de fazer com que os próximos 12 meses, chamados 2012, sejam aptos para superar os que passaram. Faça a vida valer a pena, feche os olhos e pense em todos momentos felizes proporcionados por 2011.
E quando chegar a meia noite, olhe para o céu e grite: ME FAÇA FELIZ 2012
Acredite nisso, acredite no poder do pensamento positivo, você é o que você sonha, essa é a verdadeira colocação.
Um beijo no coração de cada um e FELIZ ANO NOVO :)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O tempo passa muito rápido

Parece ontem. De verdade sinto como se aquela sensação, o frio na barriga, e a curiosidade sobre o primeiro dia de aula em uma universidade, estivesse ainda presente no meu corpo. E agora, um ano se passou. Um ano que me fez perceber o quanto sempre estive certa sobre o futuro que desejei. Foram experiências na qual me peguei pensando, “realmente é perfeito para mim”. Perfeito porque, estudar jornalismo é uma tarefa mais do que prazerosa, já que sou perdidamente apaixonada por escrever.
Mas uma coisa legal em tudo isso, é que me descobri em mais atividades. Percebi que gosto de ser voluntária e notei que me identifico com essa história de ajudar idosos, afinal, graças a eles que o presente existe. Descobri também que gosto de rádio. Sempre disse que minha área era apenas escrever, criar matérias e o resto seria consequência, mas agora sei que posso ser o que quiser, só depende de mim. Além de me apaixonar ainda mais pelo que já tinha certeza que amava, me vi apreciando coisas que pensava não me identificar.
E as coisas que aprendi sobre ser repórter? Isso me fez viciar sobre esse tal jornalismo. Acho incrível ter que correr para a rua em busca de notícias. É lá que as informações andam, os fatos acontecem e as pessoas circulam. E através dessas pessoas e suas histórias, um mundo novo é possível encontrar. Meu Deus olhe para mim! Estou completamente apaixonada por tudo isso. E isso é maravilhoso.
Além disso, fiz amizades. É tão bom saber que nossa turma, uma junção de futuros jornalistas e publicitários em construção, é, praticamente, uma família. Tenho muito orgulho de ter conhecido todos eles. Sair de casa, como fiz, para realizar esse sonho, foi bastante difícil. Afinal, sou muito ligada a minha família, sou carente e gosto de ter quem eu amo do meu lado. Então, agradeço a Deus por minha turma ser mais do que vários colegas reunidos, e sim irmãos com diferentes mães, mas que se identificam e gostam um do outro.
Conheci também as meninas da pensão, outra família construída. É, acho que devo agradecer muito mesmo, pois nada melhor para uma pessoa tão carente como eu, do que ter várias famílias.
Aprendi muito esse ano, cresci em mente e em corpo. Errei e caí, mas levantei. Me tornei independente de certas coisas e hoje tenho muito mais pessoas confiáveis ao meu lado. Sei diferenciar o essencial do insignificante, embora às vezes, caia em tentação. Sou mais forte e aguento bem mais coisas. Aprendi a ignorar o que me faz mal e fiz amizades que me ajudam nesse processo.
O mais importante de tudo isso é que hoje sou mais feliz. Embora morra de saudades de tudo que vivi ano passado com minha 301, sei que agora é o momento em que tudo está se ajeitando, com dificuldades às vezes, mas está. E isso, ah, isso é algo muito bom!
Não tenho medo do futuro, quero lutar por meus sonhos cada vez mais, e isso não há ninguém que possa me impedir.
Para acabar esse texto que poderia continuar por páginas e páginas, faço o melhor que posso fazer: Agradeço a todos que fizeram de 2011, o melhor ano da minha vida.

sábado, 26 de novembro de 2011

Quando o ódio vira amor


Não sei quando e nem como, fui me apaixonar. Logo eu que estava cansada e protegida por um sistema que não me deixava envolver por ninguém, nenhum cara, nada de amor. O problema de criar regras é perceber que o destino faz o que quiser, por isso, estar preparada é sempre a melhor alternativa.
Escrevo nesse diário antigo, a história da minha vida em quinze dias. Duas semanas que mudaram completamente o rumo da trajetória pensada para mim.

Era verão de 2011, mais precisamente, janeiro. Meu pai que há anos não morava mais comigo e mamãe, me ligou pedindo que fosse passar uma semana na casa onde ele agora morava. O motivo de tal proposta era simples, mas irrecusável: a “minha querida” madrasta tinha ido viajar para cuidar da filha que estava em trabalho de parto. Aceitei não apenas por saber que meu pai necessitava de alguém para ele conseguir manter-se vivo durantes aqueles dias, mas também por aproveitar e matar a saudade incontrolável que sentia.
O difícil foi avisar minha mãe. Para ela, ver meu pai é quase tão pecador como ofender uma mosca. Defensora dos animais, Dona Marina não é uma mulher fácil. Às vezes penso que meu pai saiu de casa por não conseguir entender seu jeito intenso, até mesmo exagerado, de ver as coisas. Embora conhecesse mais do que ninguém esses defeitos que ela mantém, sou a pessoa que mais ama aquela mulher em todo mundo. Por amar tanto assim, decidi ser direta e falar logo, para acabar de vez com essa tarefa nada fácil. Afinal, achar desagradável minha atitude, ela acharia de qualquer jeito.
- Mãe, porque você está limpando tanto esse tapete? – perguntei curiosa.
- Seu tio Roby vai me trazer o Forte. – respondeu quase me ignorando.
- Forte? – questionei.
- O poodle que ele ganhou em uma rifa. Vou cuidar dele já que seu tio não tem consideração alguma por animais – gritou furiosa com a atitude do irmão mais velho.
Essa não era a hora certa para pedir algo tão importante, mas conclui que esperar não iria adiantar nada.
- É, mãe, eu po-posso passar duas semanas em São José com papai? – gaguejei
 Ela parou tudo que estava fazendo e me olhou seriamente. Por mais que ela odiasse a ideia, ela não podia me impedir de visitar meu pai. Então, ela apenas disse:
- Por favor, apenas duas semanas.
  A viagem para casa do meu pai foi como sempre, assustadora. Talvez o receio que sempre tive em andar de avião me fazia imaginar que não chegaria, nem por um golpe de sorte, em um local onde tivesse que ir sem me sentir segura, em terra firme. São José, Costa Rica era meu destino. Sair do Rio Grande do Sul para ir até lá, precisava de no mínimo muita coragem, pelo menos para mim.
  Meu pai desde que se separou de minha mãe tinha conseguido mais dinheiro do que eu imaginava. Sua vida, regada de luxos, não tinha comparação à vida simples que nos levávamos no sul do Brasil. Ele e Verônica, a mulher pela qual ele abandonou nossa família, abriram um negócio de exportação de produtos eletrônicos. O destino fez com que os dois tivessem sorte na capital de Costa Rica e lá ficaram até hoje.
 Cheguei ao Aeroporto Internacional Juan Santamaría às quatorze horas e não encontrava meu pai. Já eram dezesseis horas e nada. Comecei a ficar nervosa, o celular que serviu para escutar músicas e mais músicas durante a viagem, a fim de fazer com que esquecesse que estava a mais de 10 mil metros da terra, terminou a bateria me deixando incomunicável. Só me restava esperar.
   Sempre odiei esperar. Será que era tão difícil chegar na hora? Estava cansada, com sono e ainda um pouco enjoada devido ao nervosismo que fiquei.            Foi quando, de repente, avistei o Chevrolet Camaro de meu pai vindo em direção ao banco desconfortável no qual estava sentada. Irritada, levantei e sem olhar direito para o interior do carro, ajeitei minha bolsa que enganchou no espelho. Enquanto tentava sair daquela situação, aproveitei para ir tirando satisfações com papai, como uma boa e fiel escorpiana que perde paciência muito fácil.
- Sabia que estou com fome, sede, sono e prestes a estourar de dor de cabeça. É assim que tu me retribuis por te amar tanto? – gritei
- Olha, na verdade eu não sabia que você me amava, mas sabe que não é uma má ideia. – uma voz grossa e irônica me respondeu.
 Olhei para dentro do carro e percebi que não era meu pai na direção, nem no banco de trás, nem em lugar algum. A única pessoa no carro, a dona daquela voz irritante, estava agora rindo de mim. Poderia ter perguntado logo quem era, mas estava tão impulsiva que só consegui gritar:
- Cadê meu pai? Ele sabe que estou esperando aqui há mais de duas horas? Fala logo!
 O riso debochado e ao mesmo tempo sarcástico daquele brutamonte que se encontrava no carro do meu pai, dirigindo o Camaro tão amado por ele, conseguiu me fazer parar de gritar e apenas virar as costas.
- O que houve garotinha? Calma, entre no carro que te explico tudo – ele falou pausadamente.
- Garotinha? Tu não sabes nada sobre mim! Não tem direito de tirar conclusões.
- Realmente, seu pai estava certo. Você é mais difícil do que aparenta.
- Então você e meu pai andam falando de mim? Já sei. Você é um espião? Um segurança idiota que vai tentar me controlar? Nossa, meu pai me surpreende.
- Calma aí garotinha – falou em meio a risos – Sou apenas o motorista do Dr. Gustavo.
- Eu já disse pra não me chamar de garotinha, tenho dezessete anos. Posso não ser tão velha como você, mas estou longe de ser considerada uma menina. – falei duvidando de mim mesma.
 Podia ter dezessete anos, porém, tinha tremido por andar de avião, ficado sem paciência por ter que esperar e ainda quase chorado de raiva por não saber o que se passava na cabeça do meu pai em me deixar, abandonada, naquele aeroporto. Atitudes de criança. Eu tinha consciência disso, mas aquele idiota não tinha o direito de ficar brincando com alguém que ele mal conhecia.
- Vinte e oito. Apenas vinte e oito – ele disse
- O que? Tu estás doido?
- Tenho vinte e oito anos, sou novo. Você me chama de velho para poder dizer que ter dezessete anos é como ser uma adulta responsável.
- Tu és ridículo!
- E você fica linda falando “tu”.
 Aquilo foi o máximo que meu estresse poderia aguentar. Dei de costas e saí caminhando rapidamente para qualquer lugar, desde que fosse longe daquele, daquele! Não tinha palavras pra demonstrar o quanto ele me irritou.
- Ei, espere aí! – falou enquanto eu sentia passos atrás de mim.
  Ele me segurou pelo braço e gritou:
- Vim aqui te buscar, estou tentando levar você para casa e é assim que age comigo? Venha, entre no carro que seu pai precisa falar contigo quando chegarmos em casa.
- Ta, mas larga meu braço.
- Tudo bem, mas depois não reclama quando te chamar de criança novamente.
- Ah, eu te ..
- Amo. Já sei. Você já me disse isso. Aliás, foi bem rápido. Não acha que apressou as coisas?
- Engraçadinho – sussurrei sem vontade.
- Vamos lá lindinha, agradeça a Deus por eu existir.
Entrei no carro e fiquei em silêncio até que ele rompeu a quietude estabelecida por mim.
- A propósito, sou Bill.
- Marília, respondi friamente.
  Chegamos à casa do meu pai e eu fui logo perguntando:
- Por que o senhor não foi me buscar? Ou melhor, porque mandou aquele idiota?
- Também senti saudades querida. Bill é meu motorista e é um cara responsável e competente.
- Acho que o senhor não sabe o empregado que tem!
- Eu disse que estava com saudades filha.
- Desculpe, eu também estou com saudades, muitas saudades. Mas é que fiquei muito irritada, perdão.
 Meu pai sempre foi assim, amoroso e sério ao mesmo tempo. Carregamos minhas coisas para dentro do quarto onde iria ficar.
 Passei a noite toda pensando naquele estúpido, projeto de humorista, irritante e idiota. O que eu tinha de errado? Não deveria lembrar nem mais o nome de um guri assim. Ai, guri! Se ele ouvisse garanto que iria gozar do meu sotaque gaúcho. Idiota, idiota. Não conseguia imaginar outra definição melhor e assim adormeci.
 Fui acordada por Judite, empregada na casa.  Ela me disse que eu deveria levantar rápido e fazer as malas. Perguntei o que tinha acontecido:
- Seu pai teve que ir para Sidnei. A filha da Dona Verônica ganhou gêmeos e como o marido dela é de uma família que gosta de comemorar todos os presentes que a vida os oferece, vão fazer uma comemoração por essa graça enviada.
- Sidnei, Sidnei? Sidnei na Austrália?
- Sim, Marília.
- Espera aí. Meu pai saiu no meio da noite para ir à outro continente, logo no dia que cheguei aqui? E nem me avisa? Não posso acreditar.
- Querida, ele já deixou tudo preparado. Você vai agora meio dia com o monomotor particular dele. Arrume-se e vá. Não dê motivos para ele ficar triste, por favor, ele te ama.
- Está bem, mas e minha mãe? Ela nunca vai permitir.
- É aí que você se engana Marília. Seu pai ligou para sua mãe, explicou a situação e ela permitiu. Com um pouco de custo, é claro, mas conseguiu.
 A primeira coisa que me veio à cabeça foi “onde minha mãe está com a cabeça em me deixar ir justamente para onde não quero?”. E a segunda foi: “Forte. É claro. O cãozinho deve estar fazendo ela muito feliz, só pode”.
Peguei minha mala sem ainda conseguir acreditar no que iria fazer. Viajar para a Austrália. Já achava longe Costa Rica, me dava dor no estômago apenas em pensar. Mas pensei no que Judite tinha dito. Ela estava certa, eu não podia ser má com meu pai. Se para ele era importante, pra mim também teria que ser.
Depois de tudo pronto, peguei a mala e fui até onde Judite me orientou que o jato estaria. Não queria admitir, mas tremia como de costume, apenas ao pensar em sair da terra firme.
Cheguei ao jato e não queria acreditar no que via. Não, não seria possível. Bill estava lá, sentado onde algum piloto de verdade estaria, vestindo uma roupa preta, óculos escuros e usando aqueles enormes fones. O barulho do avião já ecoava, portanto, ele precisava gritar para que eu conseguisse escutar.
Mas como se manter calma quando alguém que mesmo falando calmamente te irrita, sorri como se te ver fosse a coisa mais divertida do dia e perceber que justamente essa pessoa, será a responsável por uma das missões mais difíceis. Voar era algo tenebroso, ainda mais voar com Bill. Não, não, eu deveria estar sonhando, relutando contra o pesadelo. Não pode ser verdade, por favor, meu Deus.
- E aí garotinha? Pronta para voar?
- Não, quer dizer, sim. Mas nunca com você.
- Tudo bem, você pode pegar a barca e ir remando. Então, a gente se encontra lá.
- Para. Eu não tenho problema nenhum com aviões, eu só não quero voar com você. Ainda mais sozinha.
- Olha meu amor, juro que vou me comportar. Agora, entre aqui! O céu está ficando nublado, vamos passar o oceano antes que fique mais escuro ainda.
- Não vou!
- Estamos sem tempo, lindinha. Entre logo e não reclame.
 Entrei naquele monomotor sem nem olhar para o rosto de Bill. Não queria ir, de maneira alguma, com ele, mas infelizmente não tinha escolha. Bendita hora em que minha mãe resolveu me deixar viajar para outro continente. Essa realmente não era minha viagem dos sonhos. Viajar para Austrália para presenciar meu pai comemorando o nascimento dos “netos” gêmeos, filhos de uma garota que jamais o amaria como eu amo, não era um passeio legal. E ir até lá, com o cara que me tira do sério se sentindo o piloto mais perfeito do mundo, definitivamente, não era o melhor meio para viajar.
- Coloque o cinto e o fone mocinha, vamos voar!
Aquela expressão fez gelar meu coração. O medo que sentia era maior do que qualquer outro.  Não queria atravessar o oceano com Bill. Como iria saber se ele era ou não, um bom piloto? Como saberia se esse monomotor conseguiria atravessar o pacífico? Deus que nos ajudasse.
- Marília?
- O que?
- Ei, você está tensa. Melhore este rosto, sou piloto profissional. Trabalhei na Aeronáutica Brasileira durante cinco anos.
- Está explicado o porquê de falar tão bem português – respondi.
- Minha mãe é brasileira, fiquei com ela no Brasil até conseguir esse emprego com seu pai. Pode parecer simples o que faço, mas consigo mais dinheiro aqui.
Fiquei em silêncio, sem saber ao certo o que falar. Por que ele resolveu me contar sobre sua vida? Eu não precisava saber nada disso, só queria chegar logo.
- Eu amo aquela mulher. Pena que não mantemos mais contato.
Não quis perguntar o motivo, mesmo que estivesse louca de curiosidade. Então, ele agora tinha se tornado emotivo e sensível, que boa hora para ficar com pena dele.
O silêncio que se estabeleceu entre a gente depois disso, não durou muito tempo. O monomotor começou a fazer um barulho estranho, enfraquecendo-se devagar.
- O que houve? – gritei
- Estamos caindo!
- E tu falas assim, como se fosse algo simples! Estamos no meio do pacífico, Bill!
- Eu sei Marília, vou tentar pousar – falou calmamente.
- Pousar? Tu estas louco? Por acaso quer que uma pista apareça no meio do mar?
- Olha para lá, está vendo aquele ponto?
- Onde? – perguntei irritada
- Alí, preste atenção.
            Ele puxou minha mão e apontou para baixo.
- Aquele ponto. É ali que vamos pousar, fique calma, acabou o combustível, é só isso.
Comecei a chorar, era só isso que poderia fazer em um momento desses. Estava chocada! Sempre odiei aviões, helicópteros e agora odiava ainda mais aquele monomotor. Sem falar no Bill, ele parecia tão tranquilo. Isso era impossível em uma situação daquelas. A calma dele me fazia o tolerar ainda menos.
O avião começou a aumentar a velocidade. Agora sim sabia que tudo era verdade.     Bill pousou sobre aquela ilha à qual, minutos antes, ele chamava de ponto.
O pouso forçado fez com que o avião se balançasse em um ritmo assustador. Fechei os olhos e quando percebi minha mão sendo apertada firmemente por outra grande e forte. Quem ele pensava que era? Já não chega ter me convencido a entrar nessa coisa chamada monomotor, agora tinha a audácia de tocar em mim. Mas o medo foi mais forte que meu orgulho, me fazendo apertar ainda mais sua mão com a vontade de ao fechar os olhos voar para o sul do Brasil e dar um abraço em minha mãe.
Pousamos. O avião bateu contra uma árvore, amortecendo a rapidez da queda. Bati minha cabeça e vi Bill soltando se da poltrona e segurando meu rosto. Foi a última lembrança que tenho antes de acordar, quarenta e oito horas depois da queda.
 Abri meus olhos e a primeira coisa que enxerguei foi o sol. Ele brilhava forte e o calor era grande. Olhei para o lado e avistei um lago, um coqueiro e muita areia. Estava confusa e não sabia o que pensar. Foi quando o vi.
Bill estava sem camisa, sentado em uma pedra e selecionando folhas em uma pilha que se encontrava aos seus pés. Observando comecei a lembrar de tudo. Não acreditava em tudo que minha memória me passava.
- Bill, porque ainda estamos aqui? Quero ir embora, porque tu me esperaste dormir para depois pensarmos em um modo de sair daqui?
- Talvez por não ter uma solução para isso acontecer – afirmou.
- Como assim, podemos fazer o avião voar de novo.
- Você está louca? Olhe para trás.
Virei e percebi o estado que a queda deixou o monomotor. Não teria condições, realmente, de fazê-lo ir aos céus novamente.
- E celular? Vamos ligar – questionei
- O meu acabou a bateria e o seu está sem sinal.
- Então tu andaste olhando meu celular, não é mesmo? Só basta eu dormir por alguns minutos que já se apropria das coisas alheias.
- Foram dois dias.
- O que?
- Você dormiu por dois dias. Coma algo, deve estar faminta.
Ainda perplexa, pensei em como pude dormir por tanto tempo. Ao observar a minha volta percebi que foi tempo suficiente para Bill montar uma cabana com folhas de bananeira, pescar alguns peixes e ainda cuidar a hora que eu acordaria. Isso tudo não parecia ser verdade. Tinha muito mais jeito de filme ou história fictícia de um livro. Mas não, estava mesmo acontecendo comigo, e o pior de tudo: tinha Bill no meio disso.
Por algum motivo intenso e sem explicação certa, eu o odiava. Odiava tanto Bill que me senti falsa em ficar agradecida por tudo que ele estava fazendo. Só que isso, ele jamais ficaria sabendo.
- Garotinha, vem cá me ajudar com essas folhas.
- Vou fingir não ter ouvido isso – retruquei.
Assim passaram-se dez dias. Há doze estávamos lá, apesar de não lembrar nada dos dois primeiros. Minha relação com Bill se baseava em ódio e compaixão. Na maioria das vezes me via discutindo e discordando de tudo que aquele homem dizia. Mas isso era inútil. Se eu, escorpiana, me achava teimosa, ele deveria ser escorpião, com ascendente no mesmo signo. Como pode alguém ser minha versão exageradamente mais irritante?
Bill conseguia me provocar de uma maneira absurda. Ele irritava pelo simples fato de respirar. Se eu tentasse pegar um coco no alto do coqueiro e não conseguisse, ele não era capaz de me ajudar, sem antes dar várias gargalhadas. Ao tomar banho era a mesma coisa. Ele ria ao dizer que estava vendo tudo ou que iria se apressar para entrar no lago também. Por falar em lago, agradeço por ele existir. Bill avisou que a ilha onde pousamos se chama Tofua, é deserta, vulcânica e se localiza no meio do Pacífico.
Os dias passavam devagar. Ficar em uma ilha deserta, sem meio de comunicação, com a pessoa mais irritante, não era nada legal. Por isso tentávamos de tudo. Pensamos em construir um barco, mas tínhamos noção de que só uma grande e segura barca seria capaz de atravessar metade do Pacífico.
Foi por isso que começamos, aos poucos, tentar entender. Só restava esperar alguém nos achar. Estávamos sobrevivendo bem. Tofua é uma ilha tropical, com frutas e embora seja vulcânica, não há tantos riscos assim.  O único problema em ficar lá, era aguentar Bill e suas graçinhas.
Certo dia ele me parou após um banho no lago e disse que eu deveria ser mais normal. Não poderia ficar me escondendo dele já que tínhamos um relacionamento.
- É para rir, não é mesmo? – respondi
- Claro que não! Entramos juntos nisso aqui, temos que ficar unidos. E eu vejo o quanto você me olha durante o dia, fingindo não saber sobre meu olhar atento na situação. Admite vai, fala logo o quanto está apaixonada e enlouquecidamente encantada por mim.
- Tu és maluco.
- Sim, sou maluco, doido e como você sempre fala, idiota. Porque só um idiota seria capaz de amar a garota mais insuportável da face da Terra.
- Cala a boca – gritei
- Eu digo que estou apaixonado por ti e você me manda calar a boca? Você é surda?
Sai correndo para a beirada do oceano, com vontade de ir nadando até o Brasil. Mas como, ainda, estou com a cabeça no lugar, não fiz isso. Foi quando senti alguém me segurar pela cintura. O peso do corpo dele me fez cair sobre a areia. Ele segurava meus braços, enquanto eu relutava contra. E então, me percebi entrelaçada pelo corpo dele, sentindo-me presa em um sentimento que se dividia em amor e ódio. Aquele clichê da ideia ”entre tapas e beijos”.
Então, depois de nos encararmos diante da situação que nos encontrava, ele aproximou o rosto, segurou meu queixo e me xingou.
- Sua boba! Quem diria que estaríamos aqui, juntos e sem rumo?
- Não sei, só quero ir embora e me livrar de vez de ti.
- Tem certeza? – me calou com um beijo.
Beijar o homem que eu odiava não era algo normal. A explosão de sentimentos me invadiu por inteira. Fiquei com raiva de mim mesma por sentir o que senti.
Foram três dias de amor. Quando se completou 15 dias que estávamos lá, percebemos que o ódio por alguém, é sim uma emoção apaixonada. Se desde o início apenas ignorasse ele, seria porque ele não tinha importância alguma. Mas o fato de ele mexer comigo, me provocar, despertou em mim a última emoção que poderia imaginar em sentir: o amor.
Era difícil admitir isso, mas estávamos, aparentemente, apaixonados.
No mesmo dia, ao final da tarde, avistamos um grande barco vindo em nossa direção. Rezamos para que nos visse e pudéssemos voltar para um local que não seja um circulo de terra e mato, no meio do oceano.
A embarcação parou na costa da ilha e juntos corremos felizes em busca de socorro. “Deve ser meu pai”, pensei. Ao chegar perto, não vimos o que esperávamos. Dois caras encapuzados, com armas estavam no lugar onde deveria existir minha família, preocupados com nós e feliz por nos encontrar.
Bill apenas gritou: Corre! E eu corri para trás de uma planta. Minha mãe sempre dizia que quando me sentisse em perigo pensaria muito neles. É verdade! Eles foram o meu principal pensamento naquela hora. Meus pais são tudo para mim e vou amá-los para todo o sempre.
Meu piloto desastrado e ser humano hiperativo, tinha acabado de me fazer apaixonar e não seria agora que alguém estragaria essa alegria.
Enquanto Bill brigava com os homens mascarados, encontrei uma taboa que iria ajudar. Treinei uma vez no tronco de uma árvore e fui direto ao alvo. Bati com força na cabeça do bandido, que desmaiou inconsciente.
Fiquei com pena do desgraçado até que lembrei que estava disposta a vencer a situação e começar uma nova vida. Uma vida com Bill. Então, depois, com toda força que pude, bati no outro, que desabou no chão.
Estávamos livres. Livres para viver um grande amor. Embarcamos no barco que nossos “queridos amigos” bandidos deixaram de presente e estávamos prontos para partir, até que o mais estranho, para duas pessoas capazes de se matar a três dias atrás, acontece. Bill olha para mim e diz:
- Marília, eu te amo.
- Graças a Deus! Afinal, estou cansada de ser tratada como criança.
- Sim, eu te entendo, garotinha.
- Que bom que tu sabes pirralho!
Rimos juntos sobre tudo. Agora, me sentia uma nova mulher. Decidida, forte e impulsiva.  Então é isso, querido diário. A história da minha vida em 15 dias se deu da forma mais inesperada que existe: apaixonando-me pelo pior cara do mundo e prestes a atravessar o Pacífico ao lado dele. 


Conto feito por mim, para a disciplina de Leitura e Produção de Textos II - 
2º Semestre de Jornalismo