quinta-feira, 26 de maio de 2011

Menos idiota e mais forte

Eu tinha a mania de ficar procurando respostas, soluções e parecia sempre me faltar algo. Mas de um tempo para cá, eu amadureci. Cresci em mente e em coração. Não falo tantas coisas sem pensar, só algumas, mas quem me conhece a tempo sabe que antes era muito pior. Consigo segurar o choro, disfarçar e não explodir por qualquer coisa. Isso foi outra coisa que mudou em mim, ao invés de armar um escândalo e chorar, hoje eu finjo que não ouvi e sigo em frente. Não significa uma mudança radical, eu apenas melhorei, estou menos frágil, menos cabeça quente e menos idiota. Sim, eu era muito idiota. Hoje, leio meu diário e percebo a quantidade de besteira que já fiz nessa vida. Fui capaz de chorar por quem hoje sei que não vale uma lágrima minha. Briguei com quem não merecia, e perdoei quem hoje se mostra indiferente pra mim. Não soube dizer não na hora mais importante. Recusei amores, continuei cega por oito anos. Acreditei no amor, quebrei a cara. Ajudei quem queria meu mal, deixei de fazer coisas que queria por medo de magoar quem me magoou muito mais depois. Enfim, fiz o que meu coração mandava. Errei, mas estou aqui. E agora, sei o que é bom para mim. Não vou mais me iludir, vou tentar ser “gente grande”.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

GRANDE Martha

Procurando colunas para colocar na página de jornal para a disciplina de Editoração Eletrônica, encontrei essa crônica de Martha Medeiros que ainda não tinha lido, e que a propósito é ótima (bom, mas isso não é novidade se tratando da Martha).


                               O amor que a vida traz
                                                                                                            Martha Medeiros


Você gostaria de ter um amor que fosse estável, divertido e fácil. O objeto desse amor nem precisaria ser muito bonito, nem rico. Uma pessoa bacana, que te adorasse e fosse parceira já estaria mais do que bom. Você quer um amor assim. É pedir muito? Ora, você está sendo até modesto.

O problema é que todos imaginam um amor a seu modo, um amor cheio de pré-requisitos. Ao analisar o currículo do candidato, alguns itens de fábrica não podem faltar. O seu amor tem que gostar um pouco de cinema, nem que seja pra assistir em casa, no DVD. E seria bom que gostasse dos seus amigos.

E precisa ter um objetivo na vida. Bom humor, sim, bom humor não pode faltar. Não é querer demais, é? Ninguém está pedindo um piloto de Fórmula 1 ou uma capa da Playboy. Basta um amor desses fabricados em série, não pode ser tão impossível.

Aí a vida bate à sua porta e entrega um amor que não tem nada a ver com o que você queria. Será que se enganou de endereço? Não. Está tudo certinho, confira o protocolo. Esse é o amor que lhe cabe. É seu. Se não gostar, pode colocar no lixo, pode passar adiante, faça o que quiser. A entrega está feita, assine aqui, adeus.

E agora está você aí, com esse amor que não estava nos planos. Um amor que não é a sua cara, que não lembra em nada um amor idealizado. E, por isso mesmo, um amor que deixa você em pânico e em êxtase.

Tudo diferente do que você um dia supôs, um amor que te perturba e te exige, que não aceita as regras que você estipulou. Um amor que a cada manhã faz você pensar que de hoje não passa, mas a noite chega e esse amor perdura, um amor movido por discussões que você não esperava enfrentar e por beijos para os quais nem imaginava ter tanto fôlego.

Um amor errado como aqueles que dizem que devemos aproveitar enquanto não encontramos o certo, e o certo era aquele outro que você havia solicitado, mas a vida, que é péssima em atender pedidos, lhe trouxe esse e conforme-se, saboreie esse presente, esse suspense, esse nonsense, esse amor que você desconfia que não lhe pertence.

Aquele amor em formato de coração, amor com licor, amor de caixinha, não apareceu. Olhe pra você vivendo esse amor a granel, esse amor escarcéu, não era bem isso que você desejava, mas é o amor que lhe foi destinado, o amor que começou por telefone, o amor que começou pela internet, que esbarrou em você no elevador, o amor que era pra não vingar e virou compromisso, olha você tendo que explicar o que não se explica, você nunca havia se dado conta de que amor não se pede, não se especifica, não se experimenta em loja – ah, este me serviu direitinho!

Aquele amor corretinho por você tão sonhado vai parar na porta de alguém que despreza amores corretos, repare em como a vida é astuciosa. Assim são as entregas de amor, todas como se viessem num caminhão da sorte, uma promoção de domingo, um prêmio buzinando lá fora, mesmo você nunca tendo apostado. Aquele amor que você encomendou não veio, parabéns! Agradeça e aproveite o que lhe foi entregue por sorteio.