domingo, 28 de abril de 2013

Deixar o tempo passar

Andar de pés descalços na grama, beber água direto da jarra, dormir atravessada na cama, correr com cachorro, experimentar comidas diferentes, rir no chão da cozinha até a barriga doer. Assistir três filmes atrás do outro, retirar o pendrive sem segurança, deixar o trabalho para o último dia. Morrer de medo do escuro, perder cabelo entre as cobertas, derrubar o celular de cima da cama. Chorar com um bom livro, sorrir com uma cena de carinho, vibrar com a conquista das pessoas, gritar de medo de um animal qualquer. Fechar o livro sem marcar a página, caminhar rápido porque o sol está queimando. Caminhar devagar para aproveitar a chuva. Arregalar os olhos de surpresa, fugir para fazer o que o coração deseja, enfrentar o frio das manhãs de estudo, chegar atrasada na aula. Ter medo de dar o retorno na esquina, afugentar o medo do futuro em um abraço forte, digitar palavras nas notas do celular. Contar dias, contar estrelas, contar segredos, contar histórias. Forjar situações, dormir tarde, acordar cedo, esperar a noite chegar. Escrever um livro, adiantar trabalhos, atualizar o blog. Organizar um congresso, sorrir com um elogio, saber que leiam o que se escreve. Gargalhar com as amigas, dar cafuné no cachorro, receber cafuné da mãe. Pintar as unhas, cortar o cabelo, mudar a rotina. Ler jornais, ler revistas, ler embalagem de detergente. Cantar no banho, dançar no meio da sala e sonhar enquanto cozinha. Desenhar no papel, aprender novas coisas e rascunhar sobre a vida. Admirar a lua, lembrar de coisas boas e mergulhar. Varrer a cozinha mil vezes durante o dia e não se importar. Guardar o chocolate da páscoa para achar que o tempo parou. Conferir se fechou a porta a quantidade de vezes que quiser. Desligar você mesmo a luz do quarto. Organizar o roupeiro. Ter coragem de andar de bicicleta na cidade. Sentir cócegas, bater de mentirinha. Assumir riscos. Viver. A vida é repleta de situações. E quando a gente vê, o tempo passou.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Liberdade é sentir-se amado


Essa manhã foi difícil acordar. Dormi vinte minutos a mais do que o  normal. Não que isso seja uma atraso para a aula, afinal, costumo acordar cedo para fazer tudo com calma. Cheguei na aula que, a propósito, seria sem professora. E como qualquer motivo nos leva a Agência, foi lá que resolvemos nos acomodar. Quando percebi que havia deixado minha pasta com um papel importante dentro dela, tive que me obrigar a enfrentar a preguiça e ir buscar na pensão. Aproveitei a companhia de uma amiga querida. Caminhar conversando sempre é bom. Ao me despedir dela e atravessar a faixa de pedestre que reluzia uma luz forte em cada tira branca, avistei o amor. Na parada de ônibus observei um casal. Eles não estavam abraçados, mas eram um casal. Enquanto ela olhava para o chão, ele mexia no cabelo dela. Senti uma cumplicidade, um carinho, algo único. Ele era dela. E ela era dele. Naquele momento percebi: a liberdade de estar livre pode até ser legal, mas a sorte de viver um amor não tem "solteirice" que compense.