quinta-feira, 14 de julho de 2011

Jornalismo

Hoje, férias, comecei a pensar e percebi que sempre me condenei por sonhar alto e nunca ter um sonho realizado. Foi quando lembrei que essas minhas férias a qual estou feliz em casa, são férias diferentes. Não são mais aquelas de escola que sempre amei. Essas férias significam mais do que ter um momento pra dormir até tarde, aproveitar as horas vagas, assistir muitos filmes e ler um determinado número de livros. Minhas férias, minhas primeiras férias de faculdade, que marcam o fim de um semestre. Pronto, cheguei no ponto desejado. Lendo um post antigo aqui do blog, a qual escrevi sobre meu sonho de fazer jornalismo, me dei conta que posso agora dizer: Um dos meus sonhos foram realizados. O meu sonho de criança está acontecendo. Todas as tardes que brincava de apresentar jornal e todas as centenas de textinhos escritos não foram em vão. Posso dizer, com toda certeza, que minha infância determinou na minha decisão pelo jornalismo. Aliás, nem posso chamar de decisão. Decisão é quando você, entre a ou b, opta por a. Eu não tinha um b, eu sempre pensei em apenas uma profissão. Talvez deva corrigir minha frase e continuar assim: Posso dizer, com toda certeza, que minha infância originou essa minha VONTADE, esse louco e incurável desejo pelo jornalismo.
Daqui a quatro anos, vou ler isso, e ainda vou amar tudo isso. A diferença é que estarei formada e poderei ganhar a vida fazendo o que gosto. O futuro é incerto, mas o sentimento é eterno.
Um semestre foi, que venha os próximos oito.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Meu terrível medo de morrer

Odeio pensar que um dia eu, e todos que amo, vão partir. Nunca entendi a morte, não gosto dela, tenho pavor e choro apenas em pensar. Sim, sou boba. Tenho que entender o fato de as pessoas não durarem para sempre. Mas o que posso fazer? Tenho esse chato defeito de não conseguir aceitar certas coisas.
Diante desse meu dilema, lendo Doidas e Santas, me deparo com essa maravilhosa crônica (como de costume) da Martha Medeiros. 


" Assisti a algumas imagens do velório do Bussunda, quando os colegas do Casseta & Planeta deram seus depoimentos. Parecia que a qualquer instante iria estourar uma piada. Estava tudo sério demais, faltava a esculhambação, a zombaria, a desestruturação da cena. Mas nada acontecia ali de risível, era só dor e perplexidade, que é mesmo o que a morte causa em todos os que ficam. A verdade é que não havia nada a acrescentar no roteiro: a morte, por si só, é uma piada pronta. Morrer é ridículo.

Você combinou de jantar com a namorada, está em pleno tratamento dentário, tem planos pra semana que vem, precisa autenticar um documento em cartório, colocar gasolina no carro e no meio da tarde morre. Como assim? E os e-mails que você ainda não abriu, o livro que ficou pela metade, o telefonema que você prometeu dar à tardinha para um cliente?

Não sei de onde tiraram esta idéia: morrer. A troco? Você passou mais de 10 anos da sua vida dentro de um colégio estudando fórmulas químicas que não serviriam pra nada, mas se manteve lá, fez as provas, foi em frente. Praticou muita educação física, quase perdeu o fôlego, mas não desistiu. Passou madrugadas sem dormir para estudar pro vestibular mesmo sem ter certeza do que gostaria de fazer da vida, cheio de dúvidas quanto à profissão escolhida, mas era hora de decidir, então decidiu, e mais uma vez foi em frente. De uma hora pra outra, tudo isso termina numa colisão na freeway, numa artéria entupida, num disparo feito por um delinqüente que gostou do seu tênis. Qual é?

Morrer é um chiste. Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com a garota mais linda, sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida. Você deixou em casa suas camisas penduradas nos cabides, sua toalha úmida no varal, e penduradas também algumas contas. Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas, a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira. Logo você, que sempre dizia: das minhas coisas cuido eu.

Que pegadinha macabra: você sai sem tomar café e talvez não almoce, caminha por uma rua e talvez não chegue na próxima esquina, começa a falar e talvez não conclua o que pretende dizer. Não faz exames médicos, fuma dois maços por dia, bebe de tudo, curte costelas gordas e mulheres magras e morre num sábado de manhã. Se faz check-up regulares e não tem vícios, morre do mesmo jeito. Isso é para ser levado a sério?

Tendo mais de cem anos de idade, vá lá, o sono eterno pode ser bem-vindo. Já não há mesmo muito a fazer, o corpo não acompanha a mente, e a mente também já rateia, sem falar que há quase nada guardado nas gavetas. Ok, hora de descansar em paz. Mas antes de viver tudo, antes de viver até a rapa? Não se faz.

Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a ordem natural das coisas. Morrer é um exagero. E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima das piadas. Só que esta não tem graça nenhuma."

Achar uma crônica da Martha maravilhosa é fácil, ainda mais pra mim que sou fã do trabalho dela, mas esse texto foi especial. Especial pelo fato de falar sobre meu maior medo e de revelar que este não é apenas um temor meu, e sim de muitas outras pessoas. Afinal, morrer cedo é acordar de um sonho antes de chegar na melhor parte. É triste e é inconsolável.